Para muitos, deve ser difícil pensar em vantagens deste confinamento involuntário. São várias notícias terríveis bombardeando sobre o avanço da doença por todo o país, pessoas que perdem seus entes por causa do vírus e não podem se despedir, casos de ansiedade que aumentam, dentre outros pontos. No entanto, sempre existe um lado positivo para as coisas, por mais difícil que seja enxerga-lo. Com este isolamento social não é diferente.
A primeira vantagem, e talvez a principal, é para evitar o colapso na rede de saúde, com a retenção da doença e o não contágio desenfreado, evitando, assim, o acúmulo de pessoas nos hospitais. Como se sabe, o COVID-19 é uma doença altamente contagiosa, que pode causar problemas respiratórios no indivíduo infectado. Este indivíduo, que tosse ou espirra próximo a outras pessoas sem seguir a etiqueta respiratória, tem grande chance de transmitir o vírus – ressaltando que essa etiqueta não se restringe apenas ao novo coronavírus, mas a qualquer doença, especialmente respiratória.
Etiqueta respiratória: “Quaisquer manobras que evitem a disseminação de pequenas gotículas oriundas do aparelho respiratório e digestivo, quando há um processo infecto-inflamatório, é bem-vindo! Colocar a mão na frente da boca quando tossir ou espirrar, lavar as mãos regularmente, evitar tocar os olhos, nariz e boca em ambientes públicos é de bom costume, ético e pode fazer toda a diferença” (CRUZ, s.d., para. 1).
Outra vantagem que pode ser percebida diz respeito ao ar mais limpo em grandes cidades do mundo. Na Europa, por exemplo, desde que foi decretado o isolamento total, com a restrição de carros nas ruas e fechamento de fábricas que emitem gases, a diminuição de poluentes no ar é espantosa. Outros países também registraram ar mais limpo no período de isolamento, como China e, até, Brasil. Em São Paulo, diversos pontos de detecção da Cetesb apontam para qualidade boa do ar . Por mais que este quadro volte à “normalidade” com o fim completo do isolamento social em todo o mundo, é de se alegrar agora com esta notícia.
Imagem retirada do site da Cetesb, no dia 06 de abril de 2020. Vários pontos verdes espalhados pelo estado de São Paulo indicando qualidade boa do ar.
Um terceiro ponto que gostaria de destacar é a reconciliação entre familiares. O estudioso americano Karl Pillemer fez descobertas interessantes sobre pessoas que estavam distantes de seus familiares por razões de desentendimento, e que se reconciliaram com da pandemia. Em seus achados, ele percebeu algo em comum entre estas pessoas: o arrependimento antecipado.
O arrependimento é quando pensa-se em algo do presente que poderia ter sido diferente se fosse tomada uma decisão diferente no passado. O arrependimento antecipado é a projeção futura de uma atitude tomada ou não no presente (PILLEMER, 2020). De acordo com o estudo do americano, “antecipar o arrependimento pode ser uma forte motivação para a ação” – tradução minha – (PILLEMER, 2020, para. 8). Ou seja, ao pensar numa possibilidade futura, o indivíduo pode se ver estimulado a uma ação no agora para evitar o arrependimento futuro.
Somando-se a isto, outro combustível para a reconciliação com um familiar é a ideia de que a vida é curta. Ideia esta que se acentua ainda mais com este estado global. Assim, em meio a uma pandemia de proporções gigantescas, a qual o futuro é tão incerto e o presente cheio de interrogações, reconciliar-se com um parente ajudará a pessoa a ter a “consciência tranquila”.
Como visto, existem algumas vantagens que devem ser levadas em consideração antes de focar as energias na “desgraceira” que vê-se pela mídia. Sei que existem tantas outras, mas deixo aqui estes três bons exemplos.
Bom fim de semana.
REFERÊNCIAS
CRUZ, LABORATÓRIO OSWALDO. Como está sua etiqueta respiratória? Disponível em: <http://www.oswaldocruz.com/site/dicas-de-saude/dicas-de-saude/como-esta-sua-etiqueta-respiratoria>. Acesso em: 06 abr. 2020.
PILLEMER, K. Estrangement, reconciliation, and the virus. Disponível em: <https://www.psychologytoday.com/us/blog/lessons-loving/202004/estrangement-reconciliation-and-the-virus>. Acesso em: 07 abr. 2020.
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Vamos, juntos, compartilhar e divulgar saúde mental!
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