“A gratidão é um antídoto contra as emoções negativas”.
Você já agradeceu as coisas que você possui? Pois se não o fez, esta é a sua oportunidade de demonstrar sua gratidão, afinal este é o tema do meu artigo de hoje.
Definir com exatidão o que é gratidão não é tarefa tão simples, pois, como indicam Freitas, Silveira e Pieta (2009), a gratidão pode ser entendida como um afeto moral, uma emoção positiva, um sentimento interindividual, um traço afetivo, ou como uma virtude moral. Neste artigo, irei me referir à gratidão como um sentimento tanto pessoal quanto transpessoal – lembrando que ela pode ser concebida de outras maneiras.
Sob a óptica de um sentimento interindividual (ou pessoal), a gratidão pode ser entendida como um elemento social e ético que promove e mantém o equilíbrio social. Neste sentido, é possível dizer que a gratidão se origina da existência de trocas de favores entre duas pessoas – ou dois lados, dependendo do contexto –, não como obrigação, mas como forma de agradecimento a um benefício concedido de bom grado por uma das partes (FREITAS; SILVEIRA; PIETA, 2009). Para isso, é necessário que haja algumas habilidades no indivíduo que recebe o benefício, como “o reconhecimento de indivíduos específicos e a capacidade de armazenar e de lembrar eventos prévios” (FREITAS; SILVEIRA; PIETA, 2009, p. 50). Ou seja, manter na memória os benefícios de uma pessoa específica. Consequentemente, o beneficiário pode se ver em “dívida” para com aquele que o beneficiou, procurando retribuir de alguma maneira, como dizem McCullough e colaboradores (2001, apud IANAGUIVARA, 2017, p. 5):
“Pessoas (beneficiários) respondem com gratidão quando outras pessoas (benfeitores) se comportam de forma a promover seu bem-estar. Beneficiários também agem de forma a promover o bem-estar dos outros (benfeitores) quando eles mesmos estejam agradecidos”.
Autores como Piaget, Bonnie e Waal, Westermarck e Solomon destacam que a gratidão é o inverso da vingança, na qual o sujeito retribui o mal com outro mal, ao passo que a gratidão é o bem sendo retribuído com o bem (FREITAS; SILVEIRA; PIETA, 2009).
Pode-se pensar, ainda, a gratidão como transpessoal, isto é, um sentimento íntimo de agradecimento a algo que transcende qualquer existência física, como Deus, o Universo, a Natureza, etc. (IANAGUIVARA, 2017). É aquele momento em que se agradece pela vida, pela saúde, pelas conquistas pessoais e materiais, e assim por diante. Como destaca Emmons (2010, apud IANAGUIVARA, 2017, p. 6), “quando olhamos para a vida como um todo, a gratidão nos encoraja a identificar alguma quantidade de bondade em nossa vida”. Neste sentido, a gratidão é entendida como o agradecimento pelo que se têm, pelas graças alcançadas (não apenas no sentido religioso), pela sorte, pelas coisas boas que acontecem.
Independentemente se é gratidão pessoal ou transpessoal, o fato é que “pessoas gratas são mais felizes” (IANAGUIVARA, 2017, p. 7). Estudos têm mostrado que os indivíduos que expressam gratidão se sentem mais felizes quando comparados àqueles que não demonstram. Como apontado por Ianaguivara (2017), estes estudos têm indicado que, quando a gratidão é expressada, os benefícios são tanto da esfera emocional quanto da saúde física:
Autoconfiança elevada;
A pessoa sente-se mais criativa;
A pessoa sente-se mais afortunada e acarinhada;
A sensação de ser mais amada e querida pelo outro aumenta;
Otimismo elevado;
Maior estado de ânimo e vivacidade;
Maiores momentos de alegria e prazer;
Maior extroversão;
Queda no sentimento de solidão e isolamento;
Sensação de utilidade elevada;
Aumento na prática da generosidade e compaixão;
O sistema imunológico torna-se mais resistente;
Há maior tolerância à dor;
A pressão arterial sofre queda;
Elevação dos cuidados à saúde;
Maior qualidade de sono.
A gratidão é, portanto, um sentimento puro, positivo, verdadeiro e sem interesse, que gera felicidade tanto em quem recebe um benefício quanto aquele que o dá. Observar o que se tem e ser grato pelas coisas boas e positivas eleva o espírito e os ânimos da pessoa, num movimento que gera autêntica felicidade e satisfação. Com esta ideia, encerro meu artigo de hoje, citando a frase de Lyubomirsky (2008, apud IANAGUIVARA, 2017, p. 8) que fala sobre a gratidão:
“…é saborear, dar o devido valor às coisas, é superação, orientar-se para o presente. A gratidão é um antídoto contra as emoções negativas, algo que neutraliza a inveja, a avareza, a hostilidade, o aborrecimento e a irritação”.
Abraços e até a próxima.
REFERÊNCIAS
FREITAS, L. B. de L.; SILVEIRA, P. G.; PIETA, M. A. M. Um estudo sobre o desenvolvimento da gratidão na infância. Revista Interamericana de Psicologia. Vol. 43, n. 1, p. 49-56, 2009.
IANAGUIVARA, C. M. G. dos A. Sobre a gratidão: definições, aplicações e promoção do desenvolvimento humano. Revista Especialize On-line IPOG. Ano 8, ed. 14, vol. 1, Goiânia, 2017.
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