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  • Foto do escritorRita Galindo

QUANDO A GRAVIDEZ VEM ACOMPANHADA DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Atualizado: 9 de ago. de 2021

"Dentre as transformações emocionais mais citadas pelas mães estão o nervosismo, a tristeza e o choro fácil, podendo a mulher apresentar medo, dúvida e angústia que se referem à sua capacidade de cuidados do filho".


Quando uma mulher engravida, a sociedade, de um modo geral, cria expectativas sobre ela: mulher sorridente, satisfeita, realizada, plena e completa. Mas, o que acontece quando medo e tristeza sem fim surgem? Essa semana eu abordo sobre uma depressão que é muito ouvida, mas pouco discutida, e que, assim como outros tipos de depressão, requer atenção, suporte afetivo e emocional, e tratamento. Estou me referindo à depressão pós-parto.


Na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), esta variante da depressão deve ser especificada dentro dos transtornos depressivos ou bipolaridade (APA, 2014). Morais e colaboradoras (2013) apontam que a depressão pós-parto (DPP) é caracterizada pelas alterações do nível de humor, acompanhada pelo surgimento de dificuldades de concentração, sentimento de culpa e incapacidade, falta de energia e prazer em atividades diárias, além da baixa da estamina.


Estamina: “termo dado ao que também é chamado de resistência, força e vigor, seja de um ser humano ou animal. Pode representar a vitalidade e resistência tanto física quanto mental” (SIGNIFICADOS, 2016, para. 1).


É sabido que o corpo da mulher grávida sofre transformações, desde hormonais até corporais, que auxiliarão no desenvolvimento do bebê dentro da barriga. Entretanto, após o nascimento da criança, a mulher continuará sofrendo transformações, e dessa vez emocionais. Greinert e Milani (2015) indicam que, dentre as transformações emocionais mais citadas pelas mães, estão o nervosismo, a tristeza e o choro fácil, podendo a mulher apresentar medo, dúvida e angústia que referentes à sua capacidade de cuidados ao filho.


É completamente normal a mulher repensar sua vida com o início da gravidez. Afinal, ela sofrerá mudanças em seus papéis, deixando de ser apenas mulher, para tornar-se mãe; o papel de filha que, de alguma maneira, recebia os cuidados, começa a dar espaço ao de mãe que zela e cuida do bem-estar do bebê; a profissional que agora trabalha para o sustento de sua criança; etc. Logo, não existe uma causa específica para o desenvolvimento da DPP, mas podem existir fatores hormonais, fisiológicos, sociodemográficos e psicossociais que contribuem para tal. Isso varia de mulher para mulher, como ela lida com suas demandas interiores, e como estão suas relações interpessoais. Entretanto, Arrais e Araújo (2017, p. 830) destacam estudos e pesquisas que apontam para alguns fatores de risco que parecem favorecer o desenvolvimento desta depressão, sendo eles:

  1. Gestante solteira;

  2. Conflitos conjugais;

  3. Falta de apoio do pai do bebê;

  4. Histórico familiar de depressão;

  5. Depressão e ansiedade gestacional;

  6. Gravidez não desejada;

  7. Suporte social fraco;

  8. Eventos estressantes e adversos na gravidez;

  9. Idealização da maternidade;

  10. Histórico de violência intrafamiliar;

  11. Presença de dificuldades financeiras no pós-parto;

  12. Estresse no cuidado do bebê;

  13. Complicações obstétricas maternas.

Vale lembrar que, como afirmam Greinert e Milani (2015, p. 28),

“Não podemos afirmar que a DPP se dá apenas em mulheres que tiveram uma gravidez indesejada ou que estejam passando por problemas conjugais e crises financeiras. É certo que essas questões podem contribuir para o aparecimento da DPP, porém não é regra”.

Estas autoras acrescentam, também, que há casos em que a grávida, por passar por crises de cunho emocional, social e profissional, vê-se na obrigação de não demonstrar seus sentimentos negativos por causa de represálias da sociedade, sufocando-os para dentro de si mesma. Sem externá-los, esses sentimentos podem endossar o surgimento da DPP. Deixo, aqui, o link de uma entrevista divulgada no site BBC Brasil, sobre uma mulher que passou pela DPP e relata como foi o estigma social pelo qual ela passou.


É importante ter em mente que nem todas as mulheres desejam ser mães, mas aquelas que desejam, quando engravidam, necessitam de um período para se resignificar, se reestabelecer consigo mesma. A partir disso é que se formará seu vínculo com o bebê. Entretanto, quando diagnosticada com DPP, é essencial o apoio familiar e de amigos, além do tratamento medicamentoso e psicoterapia. Podem haver casos em que o tratamento com hormônios seja indicado, bem como a contratação de uma babá para auxiliá-la nos primeiros cuidados à criança. Desta maneira, é muito importante que a mulher possa assumir seus sentimentos e possa contar com o acolhimento de seus familiares, sem julgamentos ou recriminações.


Forte abraço e até a próxima.

 

REFERÊNCIAS


AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.


ARRAIS, A. R.; ARAÚJO, T. C. C. F. Depressão pós-parto: uma revisão sobre fatores de risco e de proteção. Psicologia, saúde e doença. V. 18, n. 3, p. 828-845, 2017.


GREINERT, B. R. M.; MILANI, R. G. Depressão pós-parto: uma compreensão psicossocial. Revista Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 17, n.1, p. 26-36, 2015.


MORAIS, M. L. S. et al. Depressão pós-parto e desenvolvimento do bebê no primeiro ano de vida. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 30, n. 1, p. 7-17, 2013.


SIGNIFICADOS. O que é estamina. 2016. Disponível em: <https://www.significados.com.br/estamina/>. Acesso em: 02 set. 2019.

 

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