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  • Foto do escritorRita Galindo

FILME: NISE – O CORAÇÃO DA LOUCURA

Atualizado: 5 de ago. de 2021



No último dia 07, foi comemorado o Dia Mundial da Saúde. Em meu artigo a respeito desse assunto, trouxe que o termo saúde abrange muito mais do a ausência de doenças, devendo ser pensado na relação do indivíduo consigo mesmo, com seu ambiente e as necessidades básicas oferecidas pelos governos aos cidadãos. Por isso hoje apresento o filme biográfico brasileiro de 2016, Nise – o coração da loucura, dirigido por Roberto Berliner, e estrelado por Glória Pires. Porém, antes de iniciar com meus apontamentos, recomendo a leitura da biografia da personagem principal no site Enciclopédia Itaú Cultural.


O drama se inicia com a médica psiquiatra, Nise da Silveira, chegando ao Centro Psiquiátrico Nacional, no Rio de Janeiro, para atuação com pacientes esquizofrênicos, no ano de 1944. Naquela época, os distúrbios mentais eram tratados com eletrochoques e lobotomia. Eram tratamentos – se é que podem ser chamados assim – altamente agressivos e invasivos, além de lesionar física e mentalmente os indivíduos submetidos a essa atrocidade. No entanto, para a época, essas técnicas médicas eram bastante avançadas, e tudo o que os médicos queriam eram curar as pessoas a qualquer custo. Todavia, Nise tinha claro entendimento de que aquele tipo de “tratamento” era desumano. Desta maneira, ela se nega a trabalhar com esse tipo de intervenção, optando pela terapia ocupacional.


Nise trabalha / trata os pacientes de maneira mais humanizada. Assim que chega à ala para ela destinada, ela procura mudar o modo de funcionamento: limpeza do lugar; janelas abertas para arejar o espaço; usa o termo clientes ao invés de pacientes; os funcionários de sua equipe (os enfermeiros Ivone e Lima) é que deveriam se calar e escutar os clientes, e não o contrário. Por isso, a introdução de seu trabalho foi complicada e lenta.


Com o tempo, com paciência, carinho e atenção, ela e sua equipe conseguiram introduzir trabalhos artísticos no tratamento dos clientes. A psiquiatra conquista aos poucos a confiança dos esquizofrênicos, que passam a produzir pinturas e esculturas incríveis, embora não seja essa a ideia deles. O que eles queriam mesmo era poder expressar, se libertar das condições impostas pelos outros sobre eles.


OK, e onde entra saúde nessa história mesmo?


Ora, se levarmos o modelo biomédico em conta: saudáveis são os médicos e demais funcionários do Centro, pois eles não apresentam nenhum quadro patológico, como os esquizofrênicos. Esse modelo requer algo físico, uma “anormalidade” do funcionamento do corpo. Porém, pensando que saúde são as condições do indivíduo com seu ambiente, seu físico e seu mental, então todos ali não têm saúde. Afinal, pode-se considerar que os médicos que se mostram insensíveis e indiferentes diante de uma pessoa que se contorce toda em dores ao receber um choque proposital são mais sadios do que os internados? Ou os funcionários que fazem apostas em lutas nas quais os pacientes mais violentos são obrigados a lutar, têm mais condições saudáveis que estes? Foi a partir do momento em que Nise chega ao Centro Psiquiátrico que a condição saúde-doença passa a ter outro sentido, pois ela trata seus clientes como pessoas dignas que merecem respeito: um abraço, um elogio, a permissão de os internados poderem escolher suas roupas, de sair até o parque, brincar na chuva, cuidar de cachorros, se expressar através da arte, tudo isso melhora a saúde tanto deles quanto dos funcionários que participam. Embora a esquizofrenia seja uma condição que não tem cura, ela pode ser tratada, e tratada de maneira saudável.


Este filme é, incrivelmente, reflexivo. Nos permite pensar profundamente sobre nosso modo de agir perante alguém patológico. Além do mais, é um retrato de nossa própria história, da história do Brasil, do povo brasileiro, de figuras importantes e que fizeram tanta diferença no passado que se refletem até hoje. Um excelente filme, não apenas para quem trabalha na área da saúde, mas para todas as pessoas.


Bom filme e até a próxima.

 

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Vamos, juntos, compartilhar e divulgar saúde mental!

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