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  • Foto do escritorRita Galindo

MAS, AFINAL, O QUE É SAÚDE?

Atualizado: 7 de abr. de 2022

“Saúde não é meramente a ausência de doenças, mas sim um termo muito mais complexo do que se pode imaginar, podendo ser pensada como a relação do indivíduo consigo mesmo”.

Como vai, meu caro leitor?


No último dia 07, foi comemorado o Dia Mundial da Saúde, data que foi instituída para conscientizar as pessoas sobre a qualidade de vida e os vários fatores que podem afetar a saúde populacional, coincidindo o dia (07 de abril) com a data de fundação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (SANTOS, s.d.).


Mas, afinal, o que é saúde?


Quando se pensa no termo “saúde”, é comum a definição da ausência de doenças. Isso se deve ao modelo biomédico que persistiu durante muitos anos na comunidade médica e sociedade em geral, pois o indivíduo declarava onde estava a alteração em seu corpo (SOBROSA et al, 2014). No entanto, saúde pode abranger muito mais do que a simples não existência de doença. Segundo o site Significados, saúde é “o estado de normalidade de funcionamento do organismo humano. Ter saúde é viver com boa disposição física e mental” (para. 1). Além disso, saúde está diretamente ligada a qualidade de vida. Neste sentido, esta ideia está conectada com a definição dada pela OMS, que diz que saúde é “a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social” (SEGRE; FERRAZ, 1997, p. 539). Desta maneira, fica entendido que saúde se refere ao bem-estar do corpo e da mente e ao ambiente em que os indivíduos estão inseridos.


Se assim o é, o termo social da definição dada pela OMS diz respeito àquilo que o Estado oferece para a população: “alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais” (SANTOS, s.d., para. 4).

Pensando na realidade brasileira, há de se declarar que a saúde pública não condiz com o que é idealizado, e os serviços básicos oferecidos pelo Estado, muitas vezes, deixa a desejar. O site do nosso Sistema Único de Saúde (SUS) afirma que “a atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, […], com foco na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção da saúde” (para. 1), garantindo atendimento gratuito para todos. Paim (2018) faz apontamentos positivos sobre o SUS, especialmente porque este sistema está “inspirado em valores como igualdade, democracia e emancipação” (p. 1724).


O autor aponta, também, que o SUS tem fortes bases de desenvolvimento e prestação de serviços à população brasileira. Então, por que toda essa teoria não condiz com a prática? Retomando Paim (2018), a grande problemática pode estar no comportamento da sociedade brasileira quando esta torna-se individualizada. Além disso, há certo preconceito de profissionais da saúde, há descompromisso do governo, há desinteresse da população (PAIM, 2018). Deste modo, “com insuficientes recursos, o SUS enfrenta problemas na manutenção da rede de serviços e na remuneração de seus trabalhadores, limitando os investimentos para a ampliação da infraestrutura pública” (PAIM, 2018, p. 1725). O descompromisso dos governos abrange, também, defasagem no âmbito social, que, neste caso, se refere aos serviços básicos, como saneamento, lazer, moradia, educação, etc.


Retornando à definição de saúde dada pela OMS, Segre e Ferraz (1997) acreditam que o perfeito bem-estar e qualidade de vida são conceitos bastante pessoais, ou seja, são qualidades individuais e difíceis de serem amplamente esclarecidas, além de não poderem ser generalizadas. Assim sendo, “poderá alguém afirmar que um portador de colostomia […] tem qualidade de vida pior do que um seguidor obsessivo de regras religiosas […]?” (SEGRE; FERRAZ, 1997, p. 541). Os autores apontam que os termos bem-estar e qualidade de vida são relativos e subjetivos, devendo-se levar em consideração como a própria pessoa vê suas condições de vida e saúde. Para eles, esta definição é inadequada, devendo ser repensada, pois pode-se caminhar para uma visão marginalizadora.


Como pode-se perceber, saúde não é meramente a ausência de doenças, mas sim um termo muito mais complexo do que se pode imaginar. Saúde pode ser pensada como a relação do indivíduo consigo mesmo. No que se refere ao que é esperado dos governantes, deve-se lutar pelos direitos aos quais os cidadãos têm, não se acomodando ao modo cristalizado que existe hoje. Concluo com o conceito pensado por Segre e Ferraz (1997, p. 542), que dizem:


“Saúde é um estado de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade”.

Grande abraço e até a próxima.

 

REFERÊNCIAS

PAIM, J. S. Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos. Ciências & saúde coletiva. V. 23, n. 6, p. 1723-1728, Abr. 2018.

SANTOS, V. S. 07 de abril — Dia Mundial da Saúde. Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-mundial-da-saude.htm>. Acesso em 07 de abril de 2019.

SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Revista Saúde Pública. São Paulo, v. 31, n. 5, p. 538-542, Out. 1997.

SOBROSA, G. M. R. et al. O desenvolvimento da Psicologia da Saúde a partir da construção da saúde pública no Brasil. Revista de Psicologia da IMED. V. 6, n. 1, p. 4-9, Mar. 2014.

 

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