“As pessoas sentem-se inseguras diante das perdas, com medo de serem excluídas da vida de outra pessoa”.
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Há 10 dias, ocorreu na cidade de São Paulo o caso do homem que atirou e matou um jovem ator e seus pais. A principal causa suspeita para o ato foi o ciúme que ele tem da filha, que namorava o rapaz assassinado. Se era ciúmes ou não o desencadeador, temos muitos outros exemplos de pessoas enciumadas e possessivas que tiram a vida de companheiros por completo desequilíbrio emocional. Foi pensando nestes ciúmes doentios que discorro o artigo de hoje.
Assim como todo sentimento humano, o ciúme tem um nível de equilíbrio que torna a vida do indivíduo saudável ou prejudicada. É um sentimento que pode demonstrar zelo e cuidado ao objeto de amor – podendo este ser uma pessoa ou, mesmo, um objeto inanimado –, ou posse doentia deste. Está sempre ligado a uma triangulação entre Eu-Objeto de amor-Outro. Esta triangulação relacional surge desde tenra idade, quando o indivíduo (bebê) se relaciona com a mãe e é apresentado a um terceiro sujeito.
Gostaria de esclarecer que “mãe” se refere à pessoa que cuida da criança desde os primeiros dias, não precisando ser, necessariamente, a própria mãe. Assim, o bebê tinha toda a atenção e afeto materno, e, conforme se desenvolve, entra em contato com o mundo externo, que, por vezes, solicita a presença desta mãe. Logo, da resolução desta relação em três é que se propiciará a base do ciúme da pessoa. Neste sentido, se a criança recebe amor e segurança necessários para a “perda” da mãe para o Outro e é introduzida ao mundo externo de maneira saudável. Sabendo elaborar as frustrações de perdas, é possível que seu desenvolvimento seja equilibrado, com relações sociais maduras e sadias. Entretanto, se esta resolução for mal elaborada, as chances de o ciúme doentio surgir futuramente são grandes, podendo comprometer todos os relacionamentos do indivíduo (VALÉRIO, 2017).
É importante frisar que “é natural sentir medo pela ameaça de uma perda afetiva. As pessoas sentem-se inseguras diante das perdas, com medo de serem excluídas da vida de outra pessoa” (SEO, 2005, p. 2). Afinal, o objeto de amor é querido e estimado, e perder sua presença seria doloroso. O ciúme surge, portanto, da interpretação de que o relacionamento com o objeto de amor está abalado de alguma maneira (ALVES, s.d.). Todavia, a partir do momento em que ocorre prejuízo às pessoas envolvidas, isso pode ser um sinalizador do ciúme patológico.
Quando o sujeito se sente ameaçado pela perda ou não exclusividade do objeto de amor, pode apresentar comportamentos desequilibrados: monitoramento das ações do objeto de afeto, agressividade, raiva descontrolada, etc. Neste sentido, Cavalcante (1997), citado por Seo (2005, p. 4), aponta que:
“O ciúme corrói-lhe o sentimento em sua base e destrói, com uma raiva furiosa, suas próprias raízes. Propicia a invasão da dúvida que perturba a alma, fazendo com que ame e odeie ao mesmo tempo, a pessoa objeto de sua afeição”.
O sujeito com ciúme doentio prejudica tanto seu relacionamento, quanto sua vida e a do ser amado. Ele mergulha em dúvidas, inseguranças, má interpretações, angústias, incertezas, ansiedade, e, principalmente, possessividade. O desfecho, caso uma psicoterapia não seja iniciada, pode ser catastrófico para todos os envolvidos.
Forte abraço e até a próxima.
REFERÊNCIAS
ALVES, M. de A. Ciúmes. S.d. Disponível em: <http://www.marisapsicologa.com.br/ciumes.html>. Acesso em: 18 jun. 2019. SEO, K. T. Principais fatores desencadeantes de ciúme patológico na dinâmica de relacionamento conjugal. Revista científica eletrônica de Psicologia, ano III, n. 5, 2005. VALÉRIO, J. S. Um olhar sobre o ciúme. 2017. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/ver_carreira.php?um-olhar-sobre-o-ciume&id=331>. Acesso em: 18 jun. 2019.
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