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  • Foto do escritorRita Galindo

PRECONCEITO: A IDEIA PRÉ-CONCEBIDA

Atualizado: 6 de ago. de 2021

“Esta noção de pertencimento a um grupo e exclusão de outro propicia o surgimento de ideias de superioridade, a intolerância e a crueldade contra o diferente (SILVA, 2003). É nesse processo de diferenciação intergrupal que se instalam o estereótipo, o preconceito e a discriminação”.

Olá, meu querido leitor.


Esta semana, temos duas datas que representam a luta pelos direitos de alguns grupos sociais: dia 13 foi celebrado o dia da abolição da escravatura aqui no Brasil, e dia 17 celebra-se a luta contra a homofobia. Foi pensando no preconceito que ainda persiste na nossa sociedade que discorri este artigo com o intuito de apresentar como ele se forma no sujeito, além de prover reflexões acerca deste tema tão presente em nosso dia-a-dia.


A origem da palavra preconceito é a junção do prefixo ‘pré’ (aquilo que antecede algo) com o substantivo ‘conceito’ (ponto de vista; pensamento). Sendo assim, o significado da palavra é: uma ideia, um pensamento ou um modo de entender que se forma sem ter o conhecimento prévio; é entender algo sem conhecer; é, de acordo com o site Significados, uma “opinião ou pensamento acerca de algo ou alguém, construída a partir de análises sem fundamento, conhecimento nem reflexão” (pg. 2).


Pensando na Psicologia Social, Jones (apud SILVA, 2003, p. 3) diz que preconceito é “um julgamento negativo dos membros de uma raça ou religião, […] uma avaliação não válida de um grupo ou de seus membros, […]”. Essa definição conversa com a dada por Allport (1954 apud PEREIRA et al, 2003, p. 97) de que preconceito é “uma atitude negativa em relação a uma pessoa baseada na crença de que ela tem as características negativas atribuídas a um grupo”. É, portanto, uma ideia criada a partir de crenças que não condizem com a realidade, destacando, especificamente, as diferenças de um grupo para outro.


Assim sendo, Pereira et al (2003) apontam que o preconceito irá surgir no sujeito através de informações e julgamentos sociais processados erroneamente por meio de estereótipos. Ora, estereótipos são, de acordo com o site Significados, padrões estabelecidos anteriormente pelo senso comum que não se baseiam em conhecimentos prévios. Ou seja, são julgamentos generalizados. Desta forma, dizer que "toda loira é burra" ou "todo brasileiro ama futebol e carnaval" são exemplos que estereotipam a imagem das pessoas pertencentes a estes grupos; padroniza-se e generaliza-se estes grupos com uma verdade que não condiz com a realidade.

É sabido que todo ser humano necessita de relações interpessoais para adquirir a noção de pertencimento. Isto é um processo, além de necessário, normal e saudável: identificar-se com o grupo. Entretanto, por existirem grupos distintos, as pessoas, geralmente, se identificam com quem pertence ao seu grupo, sendo mais colaborativas com seu membros deste grupo do que com outros de fora (PEREIRA et al, 2003).


Esta noção de pertencimento a um grupo e exclusão de outro propicia o surgimento de ideias de superioridade, intolerância e crueldade contra o diferente (SILVA, 2003). É nesse processo de diferenciação intergrupal que se instalam o estereótipo, o preconceito e a discriminação. Isto é: através do desconhecimento.


Alguns exemplos de preconceito encontrados na sociedade brasileira são:

  1. Racial;

  2. Orientação sexual;

  3. Classe social;

  4. Religioso;

  5. Gênero;

  6. Linguístico.

Embora leis e normas estejam sendo estabelecidas para combater as várias formas do preconceito, Pereira et al (2003) indicam que alguns grupos majoritários têm criado estratégias ideológicas que perpetuam o preconceito de forma encoberta.


“Trata-se, pois, de discursos ideológicos que justificam a sua situação dominante sem, aparentemente, violar essas normas” (PEREIRA et al, 2003).

Nosso país é um lugar repleto de diferenças, no qual o combate ao preconceito deve ser realizado insistentemente. É preciso que nossas crianças cresçam com pureza e respeito ao próximo – não ao diferente, pois todos nós somos únicos com nossas diferenças. Silva (2003, p. 4) indica que “quando nos prendemos a essas pequenas diferenças, ao detalhe que realmente faz do nosso semelhante alguém muito diferente de nós, persistimos em uma valorização das nossas pequenas diferenças e não das nossas igualdades”. Desta forma, focar naquilo que nos difere só aumenta o preconceito e a discriminação para com o outro, e vice-versa. Ver o outro como semelhante requer alto grau de maturidade. Há sempre a oportunidade de mudarmos nossos pré-conceitos.


Um grande abraço e até a próxima.

 

REFERÊNCIAS

PEREIRA, C. et al. Um estudo do preconceito na perspectiva das representações sociais: análise da influência de um discurso justificador da discriminação no preconceito racial. Psicologia: reflexão e crítica. v. 16, n. 1, p. 95-107, 2003.

SILVA, S. G. Preconceito no Brasil contemporâneo: as pequenas diferenças na constituição das subjetividades. Psicologia: ciência e profissão. v. 23, n. 2, p. 2-5, 2003.

 

Leandro Karnal fala sobre o preconceito numa série disponível em seu canal do YouTube. Aqui compartilho o primeiro vídeo, dá uma conferida abaixo.

 

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Vamos, juntos, compartilhar e divulgar saúde mental!

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