“Se antes era um tabu para os atletas manifestarem-se sobre seu estado mental e emocional, hoje o assunto é discutido abertamente e com naturalidade”.
As olimpíadas realizadas no Japão, em 2021, são lembradas por diversos fatos marcantes – os quais você pode relembrar por este link e este outro também –, mas não tem como esquecer a decisão de Simone Biles de se afastar das finais, priorizando sua saúde mental.
Na época, houve aqueles que apoiaram a decisão da atleta, como também houve quem discordasse de sua posição. Fato é que a saúde mental nos meios esportivos não pode mais ser ignorada. Se antes era um tabu para os atletas manifestarem-se sobre seu estado mental e emocional, hoje o assunto é discutido abertamente e com naturalidade. É o caso, por exemplo, das nossas meninas Rebeca Andrade e Rayssa Leal: ambas destacam o quão importante é para sua carreira esportiva e vida pessoal a presença do profissional da Psicologia.
“Eu seria uma pessoa totalmente diferente [se não tivesse feito terapia]. Teria mais medo, mais dúvida, mais inseguranças, porque, ao mesmo tempo que eu me conheci dentro da ginástica, me conheci na vida” – Rebeca em entrevista ao UOL (ZALCMAN, 2024).
Além delas, jogadores de futebol também têm destacado a importância de cuidar de seu estado mental. É o caso de Richarlyson, que chorou no banco de reservas de um dos jogos da seleção brasileira após ter sido substituído, afirmando que precisa resolver algumas questões internas.
Ainda no futebol, as meninas do sub-17 da seleção brasileira recebem o acompanhamento de uma psicóloga para trabalhar a atenção, o foco e a tomada de decisões sobre pressão.
Principais questões mentais e emocionais dos atletas nas olimpíadas
O destaque para o cuidado da saúde mental no meio esportivo tem crescido, mas nem sempre foi assim. O nadador americano, Michael Phelps, e a tenista japonesa, Naomi Osaka, por exemplo, conviveram durante anos com depressão. O nadador só revelou sua luta depois de aposentar, mas a japonesa optou por cuidar de sua saúde mental dias após a declaração de Simone Biles.
E o que acontece com os atletas para que eles tenham que cuidar de seu estado mental? Dentre algumas questões que impactam a saúde mental dos atletas, podem-se destacar:
Expectativas criadas sobre seu desempenho, tanto internas quanto externas. Nas pressões externas, vale destacar não apenas o público e a torcida, mas também os desafios de investidores e patrocinadores;
Medos relacionados ao fracasso, decepção e falhas;
Busca por resultados específicos, como medalhas, quebra de recordes, posição em ranking de reputação, proporcionando ambientes altamente competitivos e estressantes;
Condicionamento físico;
Gerenciamento do tempo;
Distanciamento da família.
A importância do psicólogo do esporte nas olimpíadas
O trabalho com atletas de alta performance é diferente do trabalho com pessoas que praticam esporte por hobby, por exemplo. Isso porque as demandas dos atletas de alto nível são diferentes e, em geral, muito estressantes. Assim, a parceria com um profissional da Psicologia especialista no esporte é imprescindível. Seu objetivo principal é melhorar o desempenho dos atletas através de seu bem-estar mental e emocional, auxiliando sua performance ao longo das competições.
Além de ser um apoio para o foco e a atenção dos atletas, o psicólogo do esporte também é um suporte para o enfrentamento de emoções conflitantes e sua regulação.
Algumas das funções desse profissional junto aos atletas são:
Apoio para a concentração;
Suporte para o enfrentamento e regulação das emoções;
Gerenciamento do estresse a da ansiedade;
Trabalhar a resiliência e o controle emocional;
Apoio para a recuperação de lesões;
Ajuda nas habilidades de comunicação;
Trabalho com a equipe técnica.
Excluir saúde mental de ambientes esportivos, como campeonatos e jogos olímpicos, pode afetar não apenas o desempenho atual do atleta, mas também seu futuro como um todo. Portanto, o cuidado e atenção com a saúde mental é essencial para manter o bem-estar e equilíbrio geral, além da boa performance dos atletas.
REFERÊNCIAS
ZALCMAN, F. Rebeca Andrade, Rayssa Leal, Iga Swiatek e outros: a saúde mental como legado da nova geração. 2024. Disponível em: <https://olympics.com/pt/noticias/rebeca-rayssa-leal-iga-swiatek-saude-mental-legado-nova-geracao>. Acesso em: jul. 2024.
PUCRS. Jogos Olímpicos: como a saúde mental afeta a vida e o desempenho dos atletas. 2024. Disponível em: <https://portal.pucrs.br/blog/jogos-olimpicos-como-a-saude-mental-afeta-a-vida-e-o-desempenho-dos-atletas/>. Acesso em: jul. 2024.
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